Fenômenos atmosféricos que vêm afetando a temperatura global, o El Niño e a La Niña ocorrem no Oceano Pacífico Equatorial (e na atmosfera adjacente) e são medidos há mais de um século por entidades de pesquisa. Apesar de distintos, eles são de certa forma complementares e partes do mesmo fenômeno, como informa o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), órgão oficial do governo brasileiro.
Ainda de acordo com o INPE, essas mudanças na temperatura do Oceano Pacífico Equatorial têm abrangência global: “Elas acarretam efeitos nos padrões de circulação atmosférica, transporte de umidade, temperatura e precipitação”, explica.
O La Niña deve estar de volta em 2024, já que as águas do Pacífico têm estado mais frias, segundo dados da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA), órgão estadunidense dedicado à pesquisa científica. Ele prevê que os efeitos do La Niña devem começar a ser sentidos a partir do segundo semestre deste ano, após o fim do El Niño, que deve ocorrer até o fim de abril.
“O La Niña é um fenômeno oceânico caracterizado pelo resfriamento das águas superficiais de partes central e leste do Pacífico Equatorial e de mudanças na circulação atmosférica tropical, impactando os regimes de temperatura e chuva em várias partes do globo, incluindo a América do Sul”, explica o INMET (Instituto Nacional de Meteorología e Estatística), um órgão do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e que representa o Brasil junto à Organização Meteorológica Mundial (OMM) desde 1950.
O La Niña tem uma longa trajetória de influência no clima. Seu primeiro registro, segundo o INPE, foi em 1892-1893. Em 2022, no entanto, após ter ocorrido no oceano Pacífico pelo terceiro ano seguido, como informa a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o fenômeno deu lugar ao El Niño e foram verificadas temperaturas globais que atingiram recordes de calor.
No Sudeste Asiático, o La Niña costuma provocar a precipitação de chuvas acima do normal. Na foto, a elevação dos mares inunda uma igreja, em Manila, Filipinas.
Até o momento, 2023 é o ano mais quente da história em 172 anos de medições meteorológicas, afirma o instituto Copernicus (Programa Espacial da União Europeia).
Para compreender esses fenômenos atmosféricos de uma maneira mais simplificada e entender a diferença entre o El Niño e o La Niña é necessário focar-se na temperatura das águas do Oceano Pacífico Equatorial.
Quando elas estão mais quentes que a média histórica, acontece o El Niño. Já o inverso é o que marca o La Niña, que “refere-se à situação oposta, ou seja, quando o oceano Pacífico Equatorial está mais frio do que a condição média histórica”, enfatiza o INMET.
Ainda de acordo com a OMM, o La Niña tem sido associado à seca em algumas partes do mundo, como na América do Sul, por exemplo, mas costuma causar chuvas acima do normal no sudeste da Ásia e na Australásia (área que inclui Austrália, Nova Zelândia, Nova Guiné), além de outras ilhas da região.