Talvez você não saiba, mas no fundo do mar há verdadeiros “jardins” formados por variadas espécies de gramas marinhas (também conhecidas como ervas marinhas ou, em inglês, seagrass bed). O dia 1º de março foi estabelecido oficialmente pela ONU (Organização das Nações Unidas) como o Dia Mundial das Gramas Marinhas – desde uma resolução na Assembléia Geral em 2022 – para ser uma data que repercute a importância dessa vegetação para o meio ambiente de todo o planeta e, assim, promover ações para conservá-las e contribuir para a sua proteção.
Segundo o Centro de Biologia Marinha da USP (Universidade de São Paulo), as gramas marinhas estão presentes em todos os continentes da Terra, exceto na Antártida, e são habitats para diversos outros organismos, desde pequenos crustáceos até peixes, e servem também como alimento principalmente para tartarugas e peixes-boi.
Conheça melhor essa vegetação que possui mais de 70 espécies e descubra por que as gramas marinhas são tão importantes para o ecossistema oceânico.
De acordo com a própria ONU, as gramas marinhas são plantas encontradas em águas rasas, em muitas partes dos mares de todo o mundo, desde os trópicos até o círculo Ártico. As gramas (ou ervas) marinhas formam extensos prados subaquáticos, como “jardins” altamente produtivos e biologicamente ricos.
Elas cobrem apenas 0,1% do fundo de todos os oceanos, mas corresponde a 300 mil km², segundo a ONU. Como já mencionado, fornecem abrigo a milhares de espécies de peixes, cavalos-marinhos, tartarugas, entre outros seres aquáticos.
As gramas marinhas cobrem apenas 0,1% do fundo de todos os oceanos, mas são essenciais para a captura de carbono presente nos mares.
O relatório lançado em 2020 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) chamado “Out of Blue: o valor das gramas marinhas para o Meio Ambiente”, explica que as gramas marinhas são ecossistemas biologicamente ricos e altamente produtivos, servindo como valiosos berçários para mais de 20% das 25 maiores regiões de pesca do mundo. Além disso, eles filtram patógenos, bactérias e a poluição da água do mar.
Conforme a ONU, há cerca de 72 espécies de gramas marinhas em todo o mundo. Só nos mares do Brasil é possível encontrar três espécies de grama marinha: Halodule, Halophila e Ruppia, relata o Centro de Biologia Marinha da USP.
Por conta de todos os benefícios ao meio ambiente como abrigo de diversas espécies marinhas (inclusive algumas ameaçadas de extinção) e também por sua capacidade de filtrar patógenos, bactérias e a poluição da água dos oceanos, as gramas marinhas são consideradas de suma importância pelos estudiosos, como explica a ONU.
As gramas marinhas também são altamente eficientes como sumidouros de carbono, já que podem absorver e armazenar até 18% do carbono oceânico global. Isso as torna uma poderosa solução baseada na natureza para lidar com os impactos das mudanças climáticas.
Além disso, ao diminuir a acidificação dos oceanos, essa vegetação também contribui para a resiliência dos ecossistemas e de espécies mais vulneráveis, como os recifes de coral – outro importante elemento dos oceanos.
As gramas marinhas é um refúgio para uma variedade de espécies, inclusive as ameaçadas de extinção, como os peixes-boi.
As gramas marinhas atuam ainda, segundo a ONU, como uma primeira linha de defesa ao longo dos litorais, reduzindo a energia das ondas, protegendo assim as pessoas do risco crescente de enchentes e tempestades.
Acontece que, como descrito no relatório do Pnuma sobre as gramas marinhas, anualmente há uma redução de 7% desses habitats em todo o mundo e pelo menos 22 das 72 espécies de gramas marinhas conhecidas estão em declínio. Sendo que desde o final do século 19, perdemos quase 30% desses ambientes em todo o mundo. Notavelmente, 21% das espécies de gramas marinhas são classificadas como “quase ameaçadas”, “vulneráveis” e “ameaçadas de extinção”, dentro da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza.
De acordo com o estudo feito para o relatório, as principais ameaças a essa vegetação são o escoamento de lixo urbano, industrial e agrícola, o desenvolvimento costeiro, a dragagem, a pesca e a navegação irregulares e as mudanças climáticas.
Portanto, por conta de sua importante contribuição para o desenvolvimento sustentável e para a atenuação e adaptação às mudanças climáticas, é essencial o cuidado e a preservação das gramas marinhas.