As sucuris, também conhecidas como anacondas, são famosas no mundo inteiro por serem serpentes muito grandes, pesadas e fortes. Tradicionalmente, elas são encontradas em toda a região tropical da América do Sul, como explica a Encyclopædia Britannica (plataforma de conhecimento do Reino Unido) e no Brasil não é difícil encontrá-las.
Mas de acordo com a revista científica Diversity, uma nova espécie da gigantesca sucuri-verde acaba de ser encontrada na Amazônia. As sucuris são serpentes do gênero Eunectes – que possui cinco diferentes espécies – até esta nova descoberta feita por uma expedição que trazia o ator Will Smith no grupo.
Segundo a publicação, a nova sucuri-verde pertence à espécie Eunectes akiyama: até então, se imaginava existir apenas uma única anaconda verde na natureza, a Eunectes murinus.
Veja, a seguir, como os biólogos fizeram o reconhecimento dessa serpente enorme que vive bem no coração da Amazônia.
O australiano Bryan G. Fry, que é professor de Toxicologia da Escola de Meio Ambiente, na Universidade de Queensland, na Austrália, é um dos cientistas que faz parte de um projeto de estudos o qual, há quase 20 anos, investiga amostras representativas de todas as espécies de sucuri que estão presentes na América do Sul.
Bryan se juntou a outros cientistas para realizar uma expedição em 2022 na região de Bameno, no território do povo indígena Baihuaeri Waorani, na Amazônia equatoriana, a convite do líder Waorani Penti Baihua, e em colaboração com seu povo.
O ator e produtor de Hollywood, Will Smith, também participou da expedição e sua equipe registrou o trabalho dos pesquisadores, como parte de uma série documental que está filmando para a National Geographic e que tem o nome de “Pole to Pole with Will Smith” (algo como “De polo a polo com Will Smith”)As sucuris são serpentes do gênero Eunectes. A sucuri-verde que se pensava era a única espécie chama Eunectes murinus (foto), enquanto o novo exemplar descoberto recebeu a designação de Eunectes akiyama.
Na expedição, Bryan e seus colegas coletaram amostras que trouxeram uma grande descoberta após diversas análises: a sucuri-verde já conhecida há tempos (chamada Eunectes murinus) não é a única espécie de anaconda verde: há outra espécie geneticamente diferente, que foi batizada como Eunectes akayima.
O grupo de estudiosos também definiram as regiões onde cada espécie de sucuri-verde é encontrada. A já bem conhecida Eunectes murinus vive em Peru, Bolívia, Guiana Francesa e Brasil – e, por isso, recebeu o nome popular de “anaconda verde do sul”.
Já a segunda espécie recém-identificada, a Eunectes akayima, é encontrada em Equador, Colômbia, Venezuela, Trinidad, Guiana, Suriname e Guiana Francesa – e foi “batizada” popularmente por eles como “anaconda verde do norte”.
Apesar da descoberta e da análise ser recente, eles também revelaram que a divisão das espécies de anaconda verde se deu há quase 10 milhões de anos. Embora as serpentes sucuri-verdes sejam muito parecidas visualmente, há uma diferença genética de 5,5% – porcentagem que surpreendeu os cientistas. “Em comparação, a diferença genética entre humanos e macacos é de cerca de 2%”, afirmou Bryan em seu relato feito para a revista acadêmica australiana The Conversation.
Nenhuma espécie de sucuri é venenosa, elas são serpentes temidas por serem grandes predadoras e mortais para suas presas, porém não-peçonhentas (não possuem veneno).
Todas as sucuris possuem grande porte, mas a sucuri-verde, em especial, é considerada a maior serpente em massa corporal do mundo, conforme explica o Instituto Butantan (instituição brasileira de pesquisa científica e produção de imunobiológicos do governo do estado de São Paulo).
Por conta de suas características colossais, normalmente as sucuris atacam suas presas enrolando seu grande corpo ao redor da vítima para, depois, apertar com força até matá-la. Carnívoras, a alimentação das anacondas inclui vertebrados aquáticos e terrestres, como peixes, répteis, anfíbios, aves e mamíferos, como conta o site Animal Diversity Web (ADW) – enciclopédia online mantida pelo Museu de Zoologia da Universidade de Michigan, dos Estados Unidos.
As fêmeas das sucuris-verdes (das duas espécies agora catalogadas) costumam ser maiores que os machos, podendo chegar a ter até sete metros de comprimento e pesar até mais de 200 quilos. Durante a expedição de Bryan, ele relatou que encontraram um exemplar de fêmea de mais de seis metros de comprimento.