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A boa saúde dos ossos e articulações é um dos itens essenciais para a longevidade do organismo humano. As dores e inflamações decorrentes de doenças como a artrite e a artrose, por exemplo, estão entre as principais queixas que pessoas acima dos 60 anos de idade têm e que comprometem sua qualidade de vida digna na velhice.
“Essa confusão entre artrite e artrose é bastante comum, porque o nome é realmente muito parecido”, começa explicando o médico Natan Chehter, clínico geral e geriatra membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e do Hospital Estadual Mário Covas, em São Paulo.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), no mundo, cerca de 18 milhões de pessoas vivem com artrite reumatóide (que é um dos tipos de artrite), segundo dados de 2019. E 70% dessas pessoas são mulheres, das quais 55% têm mais de 55 anos de idade.
Por serem enfermidades comuns e de grande escala, é importante entender melhor qual é a diferença entre artrite e artrose e descobrir maneiras de preveni-las.
“A artrite, por definição, é a inflamação e o desgaste das articulações. E isso pode acontecer por diversos motivos, como por causa de uma doença autoimune, por exemplo, como é o caso da artrite reumatóide, ou pela deposição de cristais em uma dessas áreas do corpo (chamada popularmente de gota)”, explica o clínico geral e geriatra.
“O tipo mais comum de artrite é a degenerativa”, continua o médico, que se relaciona com um dano na articulação por sobrecarga, machucado (como uma queda), ou por uma lesão repetitiva. “Algumas articulações do nosso corpo já sofrem lesões quando uma pessoa apresenta obesidade, por exemplo, algo que deixa sobrecarregadas as articulações do joelho e do quadril”, diz o especialista. A idade, segundo ele, também contribui para esse desgaste. E toda a artrite tem uma causa, que precisa sempre ser investigada, pontua.
Atividades repetitivas para as articulações, como bordar, costurar ou digitar, bem como esportes que sobrecarregam a mesma região do copo – como o tênis ou o golfe, por exemplo, que costuma afetar o ombro com o tempo – podem desencadear algum tipo de artrite ou uma artrose.
“Para simplificar, é mais fácil dizer que a artrose é um tipo de artrite, é o que se chama na medicina de artrite degenerativa”, afirma o especialista. “Mas nem todas as artrites são artroses: uma pessoa pode ter artrite de outros tipos”, completa o Dr. Natan Chehter.
O médico também explica que um dos principais fatores de risco para a artrose é a sobrecarga da articulação, que pode acontecer por obesidade e pela carga excessiva de objetos pesados (seja por causa da profissão ou por algum esporte). “Existe uma ocorrência maior de artrose em halterofilistas, por exemplo, estivadores, trabalhadores rurais, entre outros”, diz.
O Dr. Natan Chehter conta que a maioria das artrites e também as artroses têm sintomas em comum. Eles seriam quase sempre dor, que é o principal, além de edema (que é o inchaço dessa articulação), vermelhidão, rigidez da articulação, dificuldade de dobrar os dedos e os joelhos.
“Outro sintoma é o que chamamos de crepitação, que é quando a articulação estala no momento em que se está fazendo o movimento, e em casos mais avançados se tem a incapacidade de usar essa articulação, que é a redução da amplitude do movimento que ela executa. Nesse caso, a pessoa que tem uma artrose no joelho, por exemplo, vai conseguir dobrar pouco essa parte do corpo ou nem conseguir fazê-lo se estiver com essa articulação rígida”, informa o médico.
O especialista alerta para um dos sinais mais clássicos que indicam artrite: a rigidez matinal, que decorre do fato de as articulações terem ficado paradas durante a noite, na mesma posição, e depois para tirá-la desse ponto é mais difícil.
O levantamento de peso – quando é feito de forma constante por trabalhadores como estivadores ou carregadores, ou ainda por halterofilistas – pode causar dano às articulações quando esse peso é excessivo. É sempre bom consultar um profissional na hora de saber quanto de peso levantar, de acordo com a condição física de cada pessoa.
Com o passar da idade, conta o especialista, existe uma piora na produção do chamado líquido sinovial: “Ele é, por assim dizer, o ‘amortecedor’ das articulações, e sua produção vai baixando ao longo dos anos”.
O médico também conta que a artrose vai piorando à medida que envelhecemos porque quando se é jovem, é mais rápido recuperar o tecido cartilaginoso perdido. “O idoso tem uma recuperação pior dessa superfície, por isso, a artrose é uma doença que costuma aparecer numa idade mais avançada, acima de 50 anos”, diz.
De acordo com o especialista, uma das maneiras de prevenir ou melhorar casos de artrite e artrose é evitar o peso sobre a articulação atingida.
“Quem faz esforços repetitivos, como um digitador ou bordador, precisa mudar a forma ou a técnica de trabalho, para evitar a sobrecarga dos dedos. Já quem sofre com obesidade, por exemplo, precisaria perder um pouco de peso em função da sobrecarga nas articulações de joelhos e quadril”, comenta Chehter.
No entanto, segundo ele, existem casos em que não é possível evitar essa repetição ou sobrecarga. É o que acontece com quem sofre de artrite reumatoide (que possui até uma efeméride de conscientização da doença, celebrada em 12 de outubro como o Dia Mundial da Artrite Reumatoide), por exemplo, que é uma enfermidade autoimune, e precisa ser diagnosticada precocemente, antes que a articulação se degenere, para poder fazer um tratamento o quanto antes. “A depender do tipo de artrite de que estamos falando, existe uma prevenção específica. A pessoa precisa procurar um médico para obter o diagnóstico e saber exatamente de que artrite está sofrendo”, completa.
