O Aedes aegypti é o mosquito reconhecido como vetor de transmissão dos chamados arbovírus (responsáveis por doenças como dengue, zika e chikungunya). Essa incidência ocorre principalmente na América Latina, ainda que o inseto esteja presente em quase todos os países do hemisfério ocidental, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Por causa da maior incidência de chuvas, o verão é uma temporada em que costumeiramente se registra um aumento da presença de mosquitos e, entre eles, o Aedes aegypti, transmissor da dengue. É o que informa também um artigo informativo publicado pelo Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet) desse país.
Levando em conta que a proliferação do Aedes é condição para a circulação da dengue (e de outras enfermidades), é importante conhecer as características e o comportamento deste inseto para poder prevenir doenças.
As fêmeas do Aedes aegypti são responsáveis pela transmissão de doenças. Isso ocorre porque elas, e não os machos, precisam de sangue humano para o desenvolvimento de seus ovos e para seu metabolismo, explica a OPAS.
De acordo com a agência, as fêmeas desse mosquito preferem picar pela manhã e ao entardecer. Esses são, portanto, os horários de maior risco de picadas. Entretanto, os mosquitos que precisam continuar a se alimentar podem fazê-lo fora desses horários mais específicos.
Deve-se observar também que o Aedes aegypti precisa de estímulos visuais para localizar suas fontes de sangue. Portanto, não é comum que eles se alimentem à noite ou em ambientes bem iluminados, explica Sylvia Fischer, doutora em Ciências Biológicas, pesquisadora do Conicet e diretora do Grupo de Estudos de Mosquitos da Faculdade de Ciências Exatas e Naturais da Universidade de Buenos Aires (UBA).
Dessa forma, o Aedes aegypti não é o típico mosquito incômodo que fica zumbindo à noite, o que significa que os responsáveis por picar as pessoas enquanto se está dormindo pertencem a um gênero diferente.
As fêmeas do Aedes aegypti preferem picar pela manhã e ao entardecer.
A Organização Pan-Americana enfatiza que o Aedes aegypti é um mosquito doméstico (ou seja, vive dentro e perto das casas) e se reproduz em qualquer recipiente que contenha água. No entanto, é preciso fazer alguns esclarecimentos.
De acordo com as informações fornecidas pelo Ministério da Saúde da Argentina em seu site, esse mosquito não se reproduz em poças, valas, lagos, lagoas ou rios. Então, onde ele se desenvolve, podemos encontrá-lo no campo ou em um parque? A resposta a essa pergunta é não, diz Fischer.
Isso se deve ao fato de que, no passado, esse mosquito se reproduzia em espaços naturais, como ocos de árvores. Com o passar do tempo, e com a disponibilidade de recipientes artificiais e sua proximidade com o ambiente doméstico, ele se adaptou a usar espaços pequenos, de tampas de refrigerante a baldes de água, diz a doutora em Ciências Biológicas.
Na maioria dos casos, o Aedes se reproduz em recipientes encontrados em casas, os quais contêm água. Ocasionalmente, mas com muito menos frequência, eles podem ser encontrados em espaços naturais, como folhas de plantas que coletam o líquido.
Por esse motivo, ressalta a pesquisadora do Conicet, é difícil encontrar esse tipo de mosquito em grandes espaços verdes, a menos que haja um depósito de lixo onde haja estagnação de água.
Um último ponto a ser observado sobre seu habitat é que é difícil encontrá-lo em grandes espaços verdes, a menos que haja um depósito de lixo onde ele fique estagnado.
É natural considerar a pulverização para evitar uma maior incidência do mosquito. Entretanto, isso deve ser feito com cautela e caso a caso, recomenda Fischer.
"No caso do Aedes aegypti, a pulverização preventiva para reduzir a abundância não é recomendada porque, por ser um mosquito doméstico e seu número ser diretamente regulado pela disponibilidade de locais de reprodução, a pulverização só conseguiria gerar resistência a esses inseticidas nesse tipo de mosquito".
Ou seja, toda vez que um produto desse tipo é aplicado, os indivíduos mais suscetíveis de uma população são eliminados e os mais tolerantes ao produto sobrevivem (o que pode ser devido a alguma diferença genética). Isso significa que quem se reproduz são os mais resistentes e, na geração seguinte, há uma porcentagem maior de indivíduos que respondem melhor à pulverização.
Portanto, sugere a pesquisadora, "a única situação em que esse procedimento é recomendado é quando há transmissão de dengue". Mesmo assim, a aplicação de inseticida só deve ser realizada nas proximidades dos locais onde foram detectados casos de transmissão. Nessas ocasiões, o objetivo é eliminar as fêmeas infectadas que podem continuar a transmitir o vírus a outras pessoas.
A melhor maneira de evitar a incidência desses mosquitos (e, consequentemente, a transmissão da dengue) é realizar ações que impeçam sua disseminação. Entre elas, a OPAS destaca:
A isso, o Ministério da Saúde da Colômbia acrescenta:
Além disso, a OMS (Organização Mundial da Saúde) observa que se pode reduzir o risco de contrair dengue protegendo-se das picadas de mosquito por meio de: