Pressões de partidos da base aliada, incluindo o PT, defendem que a troca ocorra já em janeiro. O presidente, porém, pode deixar esse processo para março, quando alguns aliados deixarão a Esplanada dos Ministérios para concorrer às eleições municipais de 2024.
Partidos como PSD, Republicanos e PP estão de olho nas movimentações que ocorrerão nos próximos meses para cobrar mais espaço no governo. O argumento central é de que essas legendas são vitais para garantir a aprovação da pauta econômica no Congresso e têm menos espaço que partidos considerados pequenos, como PSB.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, sofre com o fogo amigo de colegas de Esplanada que criticam o estilo de trabalho do ex-governador da Bahia. Direto nas cobranças e pouco afeito ao mise em scène político, Costa é um alvo constante.
Entretanto, o ministro tem total respaldo de Lula, avaliam líderes governistas no Congresso, por ter tocado com êxito todas as missões delegadas pelo presidente. Diante das críticas, o político baiano intensificou as reuniões com parlamentares e tem participado da articulação política.
Lula não cogitava substituir Costa, mas a insatisfação com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, mudou o jogo. Agora, ele considera nomear o ex-governador da Bahia ao comando da petroleira. A avaliação interna é a de que Costa teria mais pulso para tomar as decisões de interesse do governo.
A queixa é que Prates não cumpre os acordos firmados e faz anúncios sem alinhar com Lula, segundo a EXAME apurou. No caso mais recente, Lula fez uma crítica ao anúncio de Prates de que a Petrobras abriria uma subsidiária na Arábia Saudita. Com isso, Prates corre o risco de deixar o posto e Costa ser realocado no comando da Petrobras.
De maneira embrionária, líderes do Centrão e parlamentares governistas especulam nomes como o do ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), como potenciais sucessores à Casa Civil. Renan Filho tem sido um portador de boas novas do governo, com execução de obras e investimentos à frente de sua pasta.
No caso de Lira, a solução seria trazer para o governo um líder com peso político semelhante ao de José Dirceu. Entretanto, não está claro se os dois -- Lula e Lira -- topariam. Lira, dizem interlocutores, teria disposição em assumir o Ministério da Saúde, hoje na cota do PT.
Pereira tem boa relação com partidos de esquerda e reforçaria a aproximação do governo com os evangélicos, eleitorado mais próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, deve deixar a pasta para concorrer à prefeitura de Olinda, em Pernambuco.
Em agosto, Luciana admitiu publicamente essa possibilidade durante visita ao Porto Digital, no Recife, capital pernambucana.
“Esse é um debate que a gente está fazendo internamente. Claro, com as forças políticas. No caso específico, isso não está descartado. Seria uma possibilidade, não nego”, disse Luciana Santos, em entrevista coletiva à época.
O ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França, também deve deixar a Esplanada em março, para concorrer à prefeitura de São Vicente, no litoral de São Paulo, cidade que já comandou no fim da década de 1990 e no início dos anos 2000.
França, dizem interlocutores, não ficou satisfeito ao deixar o Ministério de Portos e Aeroportos e quer se reaproximar dos eleitores para alçar voos maiores nos próximos anos.
O ministro da Secretaria-geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, deve deixar o posto para concorrer à prefeitura de Aracaju, capital de Sergipe.
Macedo foi eleito deputado federal nas últimas eleições e deve ter como principal cabo eleitoral o presidente Lula.
Com a indicação do ministro da Justiça, Flávio Dino, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal, Lula terá de escolher um novo chefe para a pasta.
Ainda está em cogitação dividir o Ministério em dois, recriando a pasta da Segurança Pública. Entretanto, não está definido esse novo formato e quem será o escolhido ou os escolhidos para as vagas.
A movimentação, e as especulações, seguirão a todo vapor durante o recesso. A única certeza é que haverá uma Esplanada dos Ministérios repaginada em 2024.