As picadas de cobra são uma ameaça para populações do mundo todo. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 138 mil pessoas morrem em decorrência de picadas de serpentes (enquanto outras 400 mil ficam incapacitadas ou desfiguradas). Esses dados reforçam a importância do soro antiofídico, antídoto que é capaz de frear o avanço do veneno de cobra no organismo humano.
No Brasil, o primeiro soro antiofídico foi entregue para uso em 14 de agosto de 1901, ou seja, há mais de 120 anos, pelo Instituto Butantan (instituição de pesquisa científica e biomédica que é a maior produtora de vacinas e soros da América Latina).
O soro antiofídico é um antídoto para as toxinas presentes no veneno injetado no organismo humano pelas picadas de cobra. Como explica a OMS, o envenenamento por mordida de serpentes pode ser “potencialmente fatal“ a depender da quantidade e da agressividade da substância inoculada.
De maneira geral, são cinco os passos para se fazer o soro antiofídico, como o Instituto Butantan detalha em seu site oficial:
Primeiro passo: deve-se extrair o veneno das serpentes em questão para transformá-lo em um antígeno. “Antígenos são substâncias capazes de fazer o sistema imunológico reagir, produzindo anticorpos”, explica o site do Butantan.
Segundo passo: a ação seguinte é aplicar os antígenos em cavalos – em pequenas doses que não prejudicam os animais, explica o site do Butantan. O objetivo é “provocar a produção de anticorpos”, detalha o instituto. “Dependendo do antígeno, será produzido um tipo de anticorpo específico contra cada veneno”, afirma o site. Ou seja, se o antígeno em questão tiver sido extraído de uma cobra coral, por exemplo, é esse tipo de veneno que será combatido.
Terceiro passo: seguindo o caminho da produção do soro antiofídico, depois que forem produzidos os anticorpos suficientes no organismo do cavalo, o plasma do animal é coletado. Vale ressaltar que o plasma é a parte do sangue onde estão alojados os anticorpos, explica o site.
Quarto passo: o plasma segue, então, para ser testado. Se aprovado, passa a ser processado industrialmente para se transformar no soro. “Os soros antiofídicos são envasados em frascos-ampola com 10 ml de solução líquida contendo anticorpos purificados”, informa o Butantan.
Quinto passo: “durante suas diversas etapas de produção, os soros passam por testes de controle de qualidade, garantindo ao final produtos seguros e eficazes”, detalha o Butantan. É desta maneira que se produz o soro antiofídico.
O Instituto Butantan, em São Paulo, explica que produz seu soro antiofídico em cinco etapas.
Ainda segundo informações do site do Butantan, o soro antiofídico precisa ser aplicado na veia e é considerado “um procedimento médico”. Por isso mesmo se recomenda que a vítima de picada de cobra seja levada imediatamente a um pronto-socorro para que seja atendida de forma adequada e possa receber o antídoto para o veneno.
Apesar de ser majoritariamente feito em forma líquida, o soro antiofídico também pode ser produzido em pó, o que facilita sua chegada a lugares distantes dos grandes centros urbanos, como explica o site do Instituto Butantan.
Já o tipo de soro a ser administrado depende do veneno da serpente que fez o ataque. Ainda assim, a produção do soro é a mesma, independentemente do tipo produzido. Depois de pronto, o soro é enviado a hospitais e postos de saúde para que possam ser aplicados durante as emergências médicas.