A Organização Meteorológica Mundial (OMM) alerta que o fenômeno do El Niño deve contribuir para um aumento contínuo das temperaturas globais sem precedentes para os próximos anos. O anúncio foi publicado em 17 de maio deste ano, e pretende chamar a atenção das autoridades sobre medidas a serem tomadas para enfrentar o problema.
A agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para meteorologia ressalta ainda que a influência do fenômeno climático, em conjunto com o aumento das emissões de gases de efeito estufa provenientes de atividades humanas, fará com que pelo menos um dos próximos cinco anos seja o mais quente já registrado na história.
Mas qual é o papel do El Niño nos recordes de calor previstos para o futuro?
Os fenômenos El Niño e La Niña são os principais – mas não os únicos – impulsionadores do sistema climático da Terra, segundo explica a OMM.
No caso do El Niño, trata-se de um padrão climático natural associado ao aquecimento das temperaturas da superfície do Oceano Pacífico tropical, central e oriental. De acordo com a agência de meteorologia da ONU, ele ocorre, em média, a cada dois a sete anos e os episódios geralmente duram de nove a doze meses.
Com as águas do oceano mais quentes, há a modificação do padrão de circulação atmosférica sobre o Pacífico e uma alteração na distribuição de umidade e das temperaturas em várias áreas do planeta.
Segundo previsões da OMM, depois de três anos do fenômeno La Niña no mundo, o El Niño tem 60% de chance de começar entre os meses de maio e junho deste ano, aumentando para 80% entre julho e outubro. Em geral, o El Niño atinge um pico durante novembro a janeiro, e depois decai na primeira metade do ano seguinte.
Os eventos de El Niño estão normalmente relacionados a um aumento da frequência e intensidade das chuvas em partes do sul da América do Sul, sul dos Estados Unidos, Chifre da África (que inclui países como Somália, Etiópia, Eritreia e Djibouti) e Ásia central, informa a OMM.
Por outro lado, o El Niño também pode causar secas severas na Austrália, Indonésia e partes do sul da Ásia. Além disso, durante o verão do Hemisfério Norte, as águas quentes do El Niño podem alimentar furacões no oceano Pacífico central/oriental, enquanto dificultam a formação de furacões na bacia do Atlântico.
O El Niño e a La Niña são ambos parte do fenômeno conhecido como El Niño-Oscilação Sul (Enso, na sigla em inglês). Ao contrário do El Niño, o La Niña corresponde ao resfriamento em larga escala das temperaturas da superfície do oceano na mesma região do Pacífico.
Segundo a OMM, o evento climático causa efeitos contrários ao El Niño na atmosfera, assim como impactos climáticos opostos. Ou seja, onde o El Niño causa chuva, o La Niña causa seca, por exemplo.