O Cerrado ocupa cerca de 24% do território nacional – quase um quarto do país – e é o único presente em todas as cinco regiões, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em questão de variedade de espécies, o bioma é reconhecido como a savana mais rica do mundo em biodiversidade, segundo o IBGE.
O bioma do cerrado é o terceiro com mais diversidade de fauna, depois da Amazônia e da Mata Atlântica, segundo o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), uma organização da sociedade civil sem fins econômicos que atua pelo desenvolvimento com equidade social e equilíbrio ambiental no Planalto Central brasileiro.
De acordo com o ISPN, estimativas apontam a presença de 252 espécies de mamíferos, 864 de aves, 180 de répteis, 210 de anfíbios e 1200 de peixes. Dentre todas elas, conheça alguns dos animais mais representativos do cerrado brasileiro:
Quando se pensa em animais do Cerrado, certamente, o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é lembrado. O lobo é considerado o símbolo desse bioma, apesar de ocorrer em outras áreas do país, como explica a Onçafari, organização sem fins lucrativos que atua no monitoramento, estudo e conservação da fauna brasileira.
Com sua pelagem laranja-avermelhada, esse animal é o maior canídeo da América do Sul, podendo pesar até 36 quilos, diz o ISPN. Em geral, o lobo-guará tem uma vivência solitária e se alimenta de pequenos animais e de frutos variados do Cerrado – como a “lobeira” (Solanum lycocarpum), que é denominada assim justamente por ser apreciada pelo lobo, como conta o ISPN.
Além disso, o animal também é protagonista de muitas lendas e da cultura locais, as quais dizem que o lobo-guará teria “poderes mágicos”, sendo capaz de aparecer e desaparecer num piscar de olhos.
O tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) é a maior espécie conhecida de tamanduá, possuindo um corpo medindo entre 1 e 1,33 metro e podendo pesar até 45 kg, como indica a Fundação Jardim Zoológico de Brasília. A espécie é encontrada em campos abertos e savanas, como o Cerrado, mas também ocorre em florestas tropicais e na caatinga.
O animal possui uma pelagem espessa cuja coloração pelo corpo varia do acinzentado ao marrom, sendo mais alongada na cauda. Esta, por sua vez, costuma balançar quando o tamanduá corre, assemelhando-se a uma “bandeira”, por isso o seu nome popular, informa o zoológico de Brasília.
Assim como todos os tamanduás, o bandeira não possui dentes e sua alimentação é insetívora, com preferência para cupins, formigas e pequenos invertebrados, os quais captura com sua língua comprida e pegajosa. Isso também faz com que um dos nomes pelo qual é conhecido seja papa-formigas-gigante.
Entre as centenas de aves presentes no Cerrado, uma que chama atenção é o carcará (Caracara plancus). Também chamado de carancho ou gavião-de-queimada, a ave de rapina brasileira é um parente distante dos falcões, segundo o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Ainda de acordo com a instituição, seu nome científico vem do tupi caracará, uma onomatopeia indígena para o som emitido por esta ave, somado à palavra em latim plancus, que significa águia. Assim, seu nome significa águia que emite o som “cará”, “cará”.
Muito comum no bioma do Cerrado, a ave também pode ser observada em grande variedade de ecossistemas, principalmente regiões abertas e parques. Uma característica sua é que, geralmente, também caminha no chão, além de voar. A alimentação do carcará é variada, podendo incluir desde carcaças de animais, passando por répteis, anfíbios, outras aves e até mesmo amendoim, feijão e frutos de dendê, além de outros restos de comida que encontre no lixo, explicam as fontes do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Se o lobo-guará é o mamífero símbolo do Cerrado, entre as aves quem tem esse posto é a seriema (Cariama cristata). Endêmica do bioma, a espécie pode atingir até 90 centímetros de comprimento na fase adulta e o seu peso é capaz de chegar até 1,4 quilos, segundo a Fundação Jardim Zoológico de Brasília.
A ave possui uma plumagem cinza-amarelada, além de patas e bico vermelhos. Seu abdômen é um pouco mais claro que o dorso e é uma das raras aves que possuem pestanas (cílios).
Além de representar o Cerrado, segundo o zoológico de Brasília esta ave também é símbolo do estado de Minas Gerais e é protegida em propriedades rurais por se alimentar de cobras.
A Phyllomedusa oreades faz parte de um gênero de anfíbios conhecido como as pererecas das nascentes por habitarem pequenos riachos em ambientes abertos no topo de montanhas e serras. A oreades é endêmica do Cerrado e se encontra distribuída nos platôs de Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais, como informa o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
De coloração geral verde, estas espécies se caracterizam pelo belo desenho reticulado na parte de baixo de torso e membros, nos linhas escuras se sobrepõem ao fundo amarelo-alaranjado.
Segundo o ICMBio, a perereca costuma ser registrada em altitudes acima dos 750 metros e apenas em riachos margeados com matas de galeria.