"Escolhemos a carne de mamute lanoso porque é um símbolo de perda, extinto pelas mudanças climáticas anteriores", disse à AFP Tim Noakesmith, cofundador da Vow.
"Enfrentamos um destino similar se não fizermos as coisas de forma distinta, como mudar as práticas da agricultura em larga escala e nossa forma de comer", acrescentou.
Cultivada durante várias semanas, a almôndega foi criada por cientistas que haviam identificado anteriormente a sequência de DNA da mioglobina do mamute, a proteína que dá o sabor à carne.
Com algumas lacunas, a sequência de DNA foi completada com os genes do elefante africano, o parente vivo mais próximo desse paquiderme ancestral, e introduzida em células de cordeiro com ajuda de uma descarga elétrica.
"Não vou comê-la ainda porque não vemos esta proteína há 4.000 anos", declarou Ernst Wolvetang, do Instituto Australiano de Bioengenharia da Universidade de Queensland, que colaborou com a Vow.
"Contudo, depois dos testes de segurança, estarei realmente curioso para ver com o que ela se parece", acrescentou.
O consumo mundial de carne quase dobrou desde o início dos anos 1960, segundo números da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês).
De acordo com essa entidade, a pecuária representa 14,5% das emissões mundiais de gases do efeito estufa causadas pelo homem.
Com a previsão de que esse consumo ainda aumente 70% até 2050, os cientistas buscam alternativas como a carne vegetal ou a cultivada em laboratório.
Com sede em Sydney, a empresa Vow não quer impedir as pessoas de comer carne, mas "oferecer algo melhor", afirmou Noakesmith, que se define como "um vegetariano frustrado".
"Escolhemos fazer uma almôndega de carne de mamute para atrair a atenção de que o futuro da alimentação pode ser melhor e mais sustentável", concluiu.