Um novo trabalho, que deve ser apresentado na terça-feira (12) no Encontro Nacional de Astronomia (NAM 2022), descobriu que os exoplanetas, descobertos há 30 anos, podem ser muito raros — isso por conta das condições extremas que das estrelas chamadas pulsares, que normalmente orbitam.
Alguns dos achados incluem corpos com 100 vezes o a massa da Terra e tempo orbital que pode durar dias ou anos.
Os processos que fazem com que os planetas se formem e sobrevivam em torno de estrelas pulsares ainda não são conhecidos.
Os primeiros exoplanetas foram descobertos em 1992 e estavam orbitando uma estrela pulsar chamada PSR B1257+12.
Esse sistema planetário é agora conhecido por hospedar pelo menos três planetas semelhantes em massa aos planetas rochosos do nosso Sistema Solar.
Em uma pesquisa feita com 800 pulsares, pelo Observatório Jodrell Bank nos últimos 50 anos, cientistas descobriram que este primeiro sistema de exoplanetas detectado pode ser extraordinariamente incomum: menos de 0,5% de todos as pulsares conhecidas poderiam hospedar planetas com a mesma massa da Terra.
As estrelas pulsares são um tipo de objeto cósmico feito de nêutrons, sendo as estrelas mais densas do universo, nascidas durante explosões poderosas no final da vida de uma estrela típica.
Esses corpos são estáveis, giram rapidamente e possuem campos magnéticos muito fortes.
Elas emitem feixes de emissão de rádio brilhante de seus polos magnéticos que parecem pulsar à medida que a estrela gira.
Segundo Iuliana Nițu, estudante de doutorado na Universidade de Manchester e principal autora do estudo, “pulsares produzem sinais que alcançam a Terra toda vez que giram, de forma semelhante a um farol cósmico”.
“Esses sinais podem ser captados por radiotelescópios e transformados em muita ciência incrível”, disse Nitu em um comunicado.
Desde a descoberta do sistema PSR B1257+12, pesquisadores observaram algumas estrelas pulsares elegíveis para hospedar planetas.
Contudo, algumas situações extremas que cercam a formação e duração dessas estrelas podem tornar a formação de planetas considerados ‘normais’ muito improvável.
Para se ter ideia, alguns desses objetos são exóticos — como, por exemplo, corpos feitos principalmente de diamante.
No estudo de astrônomos da Universidade de Manchester, pesquisadores realizaram a maior busca por planetas orbitando pulsares até o momento.
A equipe focou a busca em sinais que poderiam indicar a presença de companheiros planetários com massas até 100 vezes maiores do que a da Terra e períodos de tempo orbital entre 20 dias e 17 anos.
Os resultados mostraram que das 10 detecções potenciais, a mais promissora é o sistema chamado PSR J2007+3120 com possibilidade de hospedar pelo menos dois planetas, com massas maiores que a da Terra, e períodos orbitais entre 1,9 e 3,6 anos.
Os resultados do trabalho não indicam nenhuma tendência para massas de planetas particulares ou períodos orbitais em sistemas de pulsares, dizem os pesquisadores.
Apesar disso, os dados coletados fornecem informações sobre a forma das órbitas desses planetas: em contraste com as órbitas quase circulares encontradas em nosso Sistema Solar, esses planetas orbitariam suas estrelas em caminhos altamente elípticos (oval).
Segundo os astrônomos, isso indica que o processo de formação para sistemas de planetas pulsares é muito diferente dos sistemas tradicionais de planetas estelares.
“Precisamos entender como esses planetas podem se formar e sobreviver em condições tão extremas. Descobrir o quão comuns eles são e como eles se parecem é um passo crucial para isso”, disse Nitu.