No estudo, os pesquisadores identificaram três pequenas moléculas que poderiam transformar células-tronco pluripotentes de camundongos em células totipotentes. As células pluripotentes podem se dividir em quase todos os tipos de células, mas não conseguem desenvolver um organismo inteiro por conta própria. Já as totipotentes têm o potencial de se dividir até criar um organismo inteiro e completo, algo que somente os zigotos (células que resultam da união de duas células sexuais) possuem em condições normais.
Em um comunicado, os cientistas da Universidade de Tsinghua, em Pequim, afirmaram que foi possível criar um sistema estável “para que cientistas posteriores desmistifiquem a criação da vida”. Sheng Ding, um dos cientistas responsáveis pelo estudo, reconhece que a técnica irá gerar controvérsias no futuro. “A vida só pode ser criada através de células germinativas. É a lei da natureza. Mas agora [os pesquisadores] podem obter a capacidade de criar vida sem essas células reprodutivas, embora a criação da própria vida tenha um significado filosófico ou religioso”, disse.
Segundo Ding, ainda é difícil prever quais serão as preocupações éticas da sociedade a respeito da técnica. Embora a equipe esteja consciente dessa implicações, ele acredita que, como cientistas, seu principal trabalho é se concentrar em fazer descobertas no presente e preparar o terreno para as gerações futuras. De acordo com o pesquisador, elas é que terão o conhecimento e as ferramentas para tomar decisões sobre a possibilidade de criar a vida usando esse método.