A Amazônia registrou o quinto mês consecutivo de aumento no desmatamento. É o que mostra um levantamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que contabilizou 419 km² de floresta derrubada em outubro – uma alta de 44% em relação a outubro de 2023, e a sétima maior área devastada no mês desde 2008.
Segundo os dados, o desmatamento foi liderado pelos estados de Mato Grosso (35%), Pará (31%) e Acre (12%), que juntos somam 330 km² destruídos, o que equivale a 78% de toda a perda registrada. Esses estados também concentram nove dos 10 municípios que mais desmataram no período. A única exceção da lista é o Amazonas.
Além disso, as unidades de conservação que mais perderam floresta estão concentradas no Pará e no Acre, cada uma com três unidades. Juntas, as terras somam cerca de 19 km², equivalente a quase dois mil campos de futebol perdidos.
“Esses números refletem a crescente pressão sobre as áreas protegidas e a vulnerabilidade dessas regiões, que têm sido constantemente ameaçadas por atividades ilegais. As populações desses locais são as principais afetadas pelos crimes ambientais. Por isso, os números reforçam a necessidade urgente de proteção desses territórios, garantindo a sua integridade”, pontuou Raissa Ferreira, pesquisadora do Imazon.
O levantamento do Imazon também apontou 6.623 km² de floresta degradada em outubro, uma área equivalente a quatro vezes a cidade de São Paulo. Diferente do desmatamento, que é a remoção total da vegetação, a degradação se caracteriza pela perda parcial da cobertura vegetal, que ocorre pelo fogo ou pela extração de madeira.
O estado com a maior área degradada em outubro foi o Pará, com 2.854 km², 43% do total registado na Amazônia. Mato Grosso, com 2.241 km² afetados, 34% do total, ficou em segundo lugar, seguido pelo Amazonas, com 1.082 km².
Ao todo, nos primeiros 10 meses de 2024, foram degradados 32.869 km² no bioma, o equivalente a 21 vezes a cidade de São Paulo ou 10 mil campos de futebol afetados por dia. Essa área é 10 vezes maior do que a desmatada e quase três vezes maior do que o recorde de degradação até então, de 11.453 km², registrado em 2017.
Carlos Souza Jr., pesquisador da Imazon, explica que é normal haver aumento da degradação florestal na época de seca, o chamado “verão amazônico”, por causa da alta nas queimadas. As áreas afetadas nos meses de setembro e outubro, no entanto, são muito superiores às que vinham sendo registradas pelo sistema.
“Assim como o desmatamento, a degradação emite gases de efeito estufa, que intensificam os efeitos das mudanças climáticas, como as graves secas que estamos vivendo na Amazônia. Por isso, precisamos de ações mais efetivas de combate a esse dano ambiental, principalmente se quisermos cumprir com a nova meta climática brasileira”, disse.