Um relatório divulgado nesta quinta-feira (7) pela Rede de Observatórios da Segurança revela que 243 crianças e adolescentes foram mortos em 2023 em ações de intervenção policial em nove estados brasileiros. O estudo, intitulado Pele Alvo: Mortes Que Revelam Um Padrão, analisa informações obtidas junto às Secretarias de Segurança Pública estaduais.

Além dos números de jovens mortos, o levantamento destaca que, entre as 4.025 pessoas mortas pela polícia nesses estados ao longo de 2023, 87,8% eram negras, ou seja: em média, uma pessoa negra foi morta pela polícia a cada quatro horas ao longo do ano nos estados monitorados.

A análise foca nos estados do Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo, e demonstra um padrão de letalidade policial na população negra. Em oito dos nove estados analisados, o número de negros mortos em decorrência de intervenções policiais é maior que a proporção de negros na população geral.

Dentre os estados com maiores índices de letalidade policial, a Bahia se destaca. Em 2023, o estado registrou 1.702 mortes provocadas por agentes de segurança, o segundo maior número desde o início do monitoramento pela Rede de Observatórios, superando o Rio de Janeiro pelo segundo ano consecutivo. O aumento na Bahia ocorre durante a gestão de Jerônimo Rodrigues (PT), que assumiu após dois mandatos de Rui Costa (PT).

São Paulo também registrou um aumento expressivo, com crescimento de 21% na letalidade policial durante o primeiro ano da administração de Tarcísio de Freitas (Republicanos). No Rio de Janeiro, no entanto, houve uma redução significativa após a intervenção federal, com menos de mil mortes pela primeira vez desde que os dados começaram a ser monitorados.

A BBC News Brasil procurou as secretarias de segurança dos estados envolvidos para comentários, mas até o momento da publicação não obteve resposta.