Segundo as Projeções de População do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), após atingir seu máximo (220,4 milhões de habitantes) em 2041, o número de residentes no Brasil vai diminuir, chegando aos 199,2 milhões em 2070. Neste estudo, demonstra que, de 2000 para 2023, a taxa de fecundidade caiu de 2,32 para 1,57 filho por mulher, e deve recuar até 1,44 em 2040, quando atingir seu ponto mais baixo.
O IBGE utiliza dados provenientes de diversas fontes, como os três censos demográficos mais recentes (2010, 2010 e 2022), a série histórica das Estatísticas do Registro Civil (iniciada em 1974) os sistemas de Informações sobre Mortalidade (SIM) e sobre Nascidos Vivos (SINASC), ambos do Ministério da Saúde, entre outros. Seus cálculos permitem acompanhar a evolução dos padrões demográficos do país, como por exemplo: a idade média da população brasileira, que atingiu 35,5 anos em 2023 e deve subir para 48,4 anos em 2070.
Por mais que exista uma queda no número de partos até 2040 — como consequência de uma série de transformações ocorridas na sociedade brasileira desde meados do Século XX, segundo o IBGE —, a análise do instituto demonstra ligeiro aumento a partir da década seguinte, indo a 1,45 e chegando a 1,50 em 2070.
“Vem desde os anos 1960. Vários fatores contribuíram para isso, como a urbanização, a entrada das mulheres no mercado de trabalho e o aumento da escolaridade feminina, além da popularização da pílula anticoncepcional. Com isso, as taxas de fecundidade recuaram gradativamente de uma média de mais de seis filhos por mulher para os patamares atuais”, justificou Izabel Marri, gerente de Estudos e Análises Demográficas do IBGE.
Outro aspecto importante é quanto a idade média em que mulheres têm filhos. A idade média de fecundidade era de 25,3 anos em 2000, passou para 27,7 anos em 2020 e deverá chegar a 31,3 anos em 2070. “Temos observado, no Brasil e em vários países, um adiamento da maternidade, isto é, as mulheres decidindo-se a terem seus filhos mais tarde”, analisa Marri em nota. Tal avanço na idade média das mães brasileiras impacta diretamente no número de nascidos.
Com a redução da fecundidade, o número de nascimentos ocorridos a cada ano caiu ao longo do período analisado pelas Projeções de População: de 3,6 milhões nascimentos em 2000, recuou para 2,9 milhões em 2010 e, a seguir, para 2,6 milhões em 2022. Para 2070, o esperado é 1,5 milhão de nascimentos.
Entretanto, vale ressaltar que, pelo fato daqueles que perdemos com a crise pandêmica (o Brasil teve 713 mil mortos pela Covid-19), o IBGE reitera não saber mensurar ainda o que era esperado desta diminuição, “principalmente a partir de 2021”. “Estamos aguardando para ver se os dados observados dos próximos anos vão mostrar, ou não, uma recuperação do número de nascimentos para os níveis pré-pandemia”.
Com o levantamento também foi possível analisar padrões de mortalidade no país, percebendo que ela vem se reduzindo entre os mais jovens. A taxa de mortalidade infantil, de crianças com até um ano de idade, recuou de 28,1 óbitos por mil nascidos vivos em 2000, para 12,5 óbitos por mil, em 2023. A projeção é que em 2070 essa taxa vai recuar para 5,8. Uma feliz indicação que as condições de vida e acesso a saúde e bem-estar das populações vulneráveis têm melhorado.
O avanço da medicina e sua distribuição também contribuem para a esperança de vida daqueles nascidos vivos no país. Subiu de 71,1 anos em 2000 para 76,4 anos em 2023. Entre os homens, esse indicador foi de 67,3 anos para 73,1 anos, no período, e entre as mulheres, de 75,1 anos para 79,7 anos.
A demógrafa lembra que “essa é a primeira Projeção de População a incorporar dados da pandemia, que causou um recuo na esperança de vida do país, de 76,2 anos em 2019 para 72,8 anos em 2021. Mas os dados preliminares de 2023 mostram a esperança de vida subindo para 76,4 anos. Nossa expectativa é que esse indicador continue a crescer como antes da pandemia”. As projeções para 2070 indicam uma esperança de vida de 83,9 anos, sendo 81,7 anos para homens e 86,1 anos para mulheres.