Em 72,70% desses casos, o criminoso era parceiro ou ex-parceiro da vítima. Em 38,12% dos crimes, o assassino estava munido de armas brancas e, em 23,75%, por armas de fogo.
Bianca Lima, pesquisadora da Rede de Observatórios da Segurança, aponta para a importância do Estado na hora da denúncia. “O Estado precisa chegar nessas mulheres antes mesmo que a violência aconteça. É necessário facilitar a denúncia e não chamar atenção dos agressores, como a gente viu, a maioria dos agressores são conhecidos”.
Segundo o boletim, divulgado na data que antecede a comemoração do Dia Internacional da Mulher, a cada 24 horas, ao menos oito mulheres foram vítimas de violência em 2023.
Ao todo, foram registrados 3.181 mulheres vitimadas, representando um aumento de 22,04% em relação a 2022, quando Pará e Amazonas ainda não faziam parte deste monitoramento.
Pelo quarto ano consecutivo, há escassos registros de raça/cor das vítimas, 71,72% das mulheres não tem informação racial. Em relação aos casos de transfeminicídios, ou seja, feminicídios de mulheres transexuais, a pesquisa computou 34 vítimas nas localidades analisadas.
A pesquisadora Bianca Lima aponta dois fatores para os aumentos dos casos de violência em todas as regiões monitoradas: “ou as mulheres estão sofrendo mais violência, ou os estados estão registrando mais”.
São Paulo registrou 1.081 casos de violência contra mulher em 2023, o único estado entre os monitorados que registrou mais de mil eventos de violência, um aumento de 20,38% em relação ao ano anterior, quando forma registrados 898 casos.
O estado paulista registrou 482 tentativas de feminicídio e 174 feminicídios, 160 deles cometidos por companheiros e ex-companheiros e 83 usando arma branca. Foram registrados também nove transfeminicídios. A capital teve os maiores registros, sendo 173 eventos de violência e 26 feminicídios.
No Rio de Janeiro, os casos de violência cresceram 13,94% de 2022 para 2023, indo de 545 casos para 621. Em 2020, quando a Rede de Observatórios da Segurança começou a fazer os levantamentos, foram registrados 318 casos no estado, uma alta de 95,28% nos eventos de violência em quatro anos.
A capital fluminense concentrou os maiores registros do estado, foram 206 vítimas de violência e 35 feminicídios. Ao contrário de outros lugares, das 35 vítimas de feminicídios, 30 foram mortas por armas de fogo. Quatro vítimas desses casos foram assassinadas por agentes do Estado.
O estado registrou um caso de violência contra mulher por dia em 2023. Salvador concentra o maior percentual das violências, foram 110 mulheres vitimadas.
Ao todo, foram 70 feminicídios no estado, sendo 20 deles na capital. A Bahia é líder entre os estados monitorados nos homicídios de mulheres, com 129 ocorrências (mortes não classificadas como feminicídios).
No nordeste, Pernambuco é o estado que tem o maior número de feminicídios, registrando 92 casos em 2023. O estado teve o maior número de vítimas de feminicídio mortas com armas de fogo da região, com 28 registros.
Entre os municípios, Garanhuns, a 230 quilômetros da capital pernambucana, ficou na liderança dos registros de violência, com 44 casos. Já Recife registrou 40 casos de violência e dez feminicídios.
O Ceará registrou o maior número de feminicídios em seis anos, somado a 55 tentativas de feminicídio. A capital Fortaleza teve o maior número de vítimas, 11 mulheres foram mortas em razão do seu gênero.
No Nordeste, o estado registrou o maior número casos de vitimização de pessoas trans e travestis, com sets mortes.
Outro estado que teve uma alta expressiva nos casos de violência foi Piauí, com um aumento de quase 80%. Em 2023, foram registrados 202 casos e, em 2022, 113.
Ao todo, foram 83 tentativas de feminicídios e 28 feminicídios. A capital Teresina registrou os maiores números, com seis feminicídios e 77 casos de violência.
Maranhão registrou 195 eventos violentos em 2023, contra 165 em 2022. Ao todo, foram 38 feminicídios. A capital São Luís foi o município com os maiores registros, com 34 vítimas de violência, sendo sets feminicídios. Os números revelam que o estado lidera no Nordeste em casos de violência sexual e estupro, com 40 ocorrências.
No Pará, segundo a Rede de Observatórios da Segurança, as desigualdades sociais e o garimpo agravam as violências contra mulheres no estado.
Em 2023, foi o primeiro ano que o estado fez parte do boletim e foram registrados 224 casos de violência. Além disso, foram monitoradas 110 tentativas de feminicídio e 43 feminicídios.