O comerciante diz que, ao se deparar com as ameaças no Brasil, se arrependeu de ter feito os vídeos. “Eu me arrependi de gravar os vídeos e coloquei minha família em risco sem saber”, disse.
Hasan lamenta que ainda não conseguiu sair com as filhas, de 5 e 3 anos, para passear por medo de ser reconhecido na rua. Enquanto estava em Gaza, as meninas pediam para ir ao shopping. Hasan chorou ao contar sobre isso em entrevista na CNN na terça-feira.
“É muita pressão. Minha esposa está com medo. A gente estava precisando ir para shopping, mas não tem como ir agora. São muitas mensagens de ameaça, mais de 200. Estou cansado demais”, contou.
Para Hasan, além do preconceito contra palestinos, ele virou alvo principalmente por agradecer ao governo federal e o presidente Lula. “O que estão fazendo é um jogo político porque eu agradeci o presidente Lula. Estão fazendo um jogo sujo comigo e minha família”, disse.
A advogada Talita Camargo da Fonseca, que tem prestado assistência a Hasan Rabee, protocolou um pedido para que ele seja atendido no programa de Proteção de Defensores de Direitos Humanos do Ministério dos Direitos Humanos.
“Os discursos de ódio são reiterados. Nós pedimos a proteção de defensores de direitos humanos porque, durante o conflito, por meio dos vídeos, ele encampou essa luta não apenas por ele, mas por outras pessoas”, disse a advogada.
À CNN, a advogada afirmou que também prepara uma petição ao Ministério da Justiça e Segurança Pública para escolta de Hasan e família. “Vamos também ao Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre essa situação e pedir escolta se necessário. Hoje, são haters, amanhã não sei o que pode acontecer”, pontuou a advogada.
A advogada também já compilou todas as ameaças recebidas por Hasan nas redes sociais e fará boletim de ocorrência. “Há crimes de perseguição, xenofobia, injúria racial, injúria e ameaça. Tudo isso em um volume considerável. Se antes ele tinha violência psicológica e física na guerra, essa violência segue, porque tem a mãe e irmãs em Gaza e vem recebendo ameaças aqui”, disse Talita.
Em nota, a Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou que “as denúncias estão sendo apuradas e serão encaminhadas para a investigação da Polícia Federal (PF)”.