Como esperado pelo setor, a Conab acaba de confirmar que o Brasil, novamente, atinge o recorde de produção de grãos na safra 2022/23. O volume colhido foi de 322,8 milhões de toneladas, alta de 18,4% ou 50,1 milhões de toneladas a mais que 2021/22.
A produção de soja no país está estimada em 154,6 milhões de toneladas, crescimento de 23,2% em relação ao mesmo período.
Para o milho, a colheita de três safras também é recorde e deverá chegar a 131,9 milhões de toneladas. Com o encerramento das colheitas em agosto, o esperado é um acréscimo de 18,7 milhões de toneladas sobre a safra passada.
Na esteira deste resultado, um ano safra que passou por guerra entre Rússia e Ucrânia, volatilidade do câmbio, troca de presidência, mudança de El Niño para La Niña e outros acontecimentos globais que impactam diretamente a decisão do produtor no campo. Mesmo assim, foi possível aumentar a produtividade de 3.656 quilos de grãos por hectare para 4.111 kg/h.
Também houve acréscimo de área plantada, chegando a 78,5 milhões de hectares -- número maior do que a própria Conab havia cogitado no final de 2022, quando considerou 76,8 milhões de hectares. Em 2021/22, foram 74,5 milhões de hectares semeados.
O número tem por trás a realidade de que outros alimentos deixaram de ser plantados, como arroz e feijão, pois a soja segue se mostrando mais rentável.O país colheu 10 milhões de toneladas de arroz e 3,04 milhões de toneladas de feijão.
Embora a demanda internacional esteja desacelerada, o Brasil tem mercado garantido por ser o principal exportador de soja e milho, sobretudo na safra 2022/23.
Países concorrentes como Estados Unidos e Argentina se veem em situação difícil por conta do clima. No hemisfério norte, o milho deve apresentar baixo rendimento na colheita. Já no país vizinho, a quebra de safra estimada é de 43% em relação ao que foi plantado, segundo o ministério da agricultura argentino. Enquanto isso, no Brasil, a Conab estima exportação de 96,95 milhões de toneladas de soja e 50 milhões de toneladas de milho, ultrapassando as exportações norte-americanas.
As vendas externas de farelo e óleo de soja devem representar 21,82 milhões de toneladas e 2,6 milhões de toneladas, respectivamente.
Ainda de acordo com a Conab, apesar das variações climáticas, houve recuperação de produtividade da soja no Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina. Apenas o Rio Grande do Sul teve uma melhora mais retraída, pois a falta de chuva aconteceu na janela de desenvolvimento da oleaginosa, momento crucial para que o grão consiga atingir a qualidade exigida pelo mercado.
“Nesta temporada, os efeitos do La Niña se concentraram no estado gaúcho, mas ainda assim em menor escala que no ciclo anterior. Já nos demais estados, o clima se mostrou bastante favorável, mesmo com alguns atrasos verificados no período da semeadura e da colheita”, diz Fabiano Vasconcellos, gerente de Acompanhamento de Safras.