O Brasil teve queda de 2,4% no número de mortes violentas em 2022, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgadas nesta quinta-feira, 20, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Foram 47,5 mil mortes no ano passado contra 48,4 mil em 2021.
A taxa de mortalidade ficou em 23,4 por grupo de 100 mil habitantes. Com o resultado, o país atingiu o patamar mais baixo desde 2011, primeiro ano da série histórica monitorada pelo fórum.
Os dados se baseiam em informações fornecidas pelas secretarias de segurança pública estaduais, pelas polícias civis, militares e federal, entre outras fontes oficiais da área da segurança pública. O Anuário é realizado desde 2007 e passou a fazer a série de homicídios a partir de 2011. A publicação é considerada uma importante ferramenta para a transparência e a prestação de contas na área.
O estado mais violento do país em 2022 foi o Amapá, com taxa de mortes violentas de 50,6 por 100 mil habitantes - mais do que o dobro da média nacional. O segundo estado mais letal foi a Bahia, com taxa de 47,1 por 100 mil habitantes. Na terceira posição, está o Amazonas, com taxa de 38,8 por 100 mil habitantes.
No outro extremo, as unidades da federação com as menores taxas de violência letal foram:
Ao todo, 20 estados registraram taxas de mortes violentas acima da média nacional.
As armas de fogo seguem como o principal instrumento utilizado para matar no Brasil.Segundo o documento, 76,5% dos homicídios foram praticados com uso de revólver. Para além das armas, 37,1% das mortes derivadas de lesões corporais foram provocadas por agressões, enforcamentos e sufocamentos.
O Anuário destaca a explosão da violência no país em 2017, quando as maiores facções criminosas do Brasil entraram em conflito e foram registradas 64 mil mortes violentas.
Desde 2018, porém, há uma tendência de queda - que continua até hoje. Fatores como mudanças demográficas, a criação do Sistema Único de Segurança Pública e a mudança no comportamento do crime organizado são alguns dos principais pontos para explicar os números.
Segundo Samira Bueno e Renato Sérgio de Lima, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a queda no levantamento de 2022 é positiva e precisa ser "realçada". Os desafios, porém, seguem, e a sociedade brasileira não pode ser "induzida a acreditar na ideia de que o país resolveu seu dilema civilizatório e agora é uma nação mais segura".
A região da Amazônia Legal -- que agrega Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima, e a Amazônia Oriental, composta, por exclusão, pelos Estados do Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso -- tem sofrido com o aumento da violência. Considerada estratégica pelo crime organizado pela proximidade com os principais produtores de cocaína do mundo (Bolívia, Peru e Colômbia) e com uma área de difícil fiscalização, a região passou a ser disputada por diferentes grupos criminosos.
Dois fatores podem explicar o crescimento da violência letal na região da Amazônia Legal, segundo os pesquisadores: