Mais de 11 anos depois do pior desastre nuclear da história do Japão, o governo derrubou as ordens de evacuação em um setor de um vilarejo previamente considerado além dos limites, neste domingo (12), permitindo que moradores voltassem para suas casas.
Kazunori Iwayama, um ex-morador do vilarejo Katsurao, que fica a cerca de 40 quilômetros da planta nuclear de Fukushima Daiichi, disse: “Parece que finalmente a linha de chegada está próxima e podemos focar em transformar as coisas de volta ao normal”.
Em 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude 9 na Escala Richter — que mede a intensidade dos fenômenos — atingiu a costa do país, engatilhando um tsunami que causou um acidente nuclear na usina de energia e um grande vazamento de material radioativo. O evento marcou o maior desastre nuclear do mundo desde Chernobyl, em 1986.
Mais de 30 mil pessoas que viviam perto da planta nuclear foram forçadas a evacuar a região temporariamente, e milhares o fizeram voluntariamente. Comunidades que eram movimentadas, tornaram-se cidades-fantasma.
Nos anos seguintes, operações de limpeza e descontaminação em larga escala permitiram que alguns habitantes, que uma vez viveram na zona de exclusão, voltassem.
No domingo, Iwayama assistiu ao portão que bloqueava o acesso a sua casa no distrito Noyuki, de Katsurao, ser aberto às 8 horas do horário local.
As ordens de evacuação para a maior parte do vilarejo foram derrubadas em junho de 2016, permitindo que os moradores fossem e voltassem, disse um oficial, que não quis ser identificado, como é de costume no Japão. A maior parte daqueles que retornaram desde 2016 são cidadãos idosos.
Algumas famílias, no entanto, ainda esperam que seus setores do vilarejo sejam descontaminados, segundo o oficial.
O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, disse neste mês que a abertura seria a primeira vez em que residentes poderiam viver novamente em Noyuki, uma área designada como “difícil de voltar”, devido a níveis de radiação acima de 50 milisieverts.
Observadores de segurança internacional recomendam que as doses de exposição à radiação fiquem abaixo de 20 milisieverts ao ano, o equivalente a duas tomografias de corpo inteiro.
O governo japonês concluiu que os níveis de radiação caíram o suficiente para que os residentes retornem, apesar de as taxas não terem sido divulgadas.
Por enquanto, apenas quatro famílias, das 30 que viviam no local, disseram que pretendem voltar para Noyuki, disse o oficial do vilarejo.
Antes do desastre, o vilarejo de Katsurao tinha uma população de cerca de 1.500 pessoas. Muitos daqueles que foram desalojados construíram suas vidas em outros lugares.
Outros ainda têm dúvidas em relação à radiação. Apesar dos esforços de descontaminação, uma pesquisa realizada em 2020 apontou que 65% daqueles que evacuaram o local não queriam voltar para Fukushima — 46% temiam contaminação residual e 45% reconstruíram a vida em outros lugares.
Até março de 2020, somente 2,4% da prefeitura de Fukushima permanece fora dos limites para seus residentes, com partes abertas para visitas rápidas, de acordo com o Ministério do Meio-Ambiente do Japão.
Mas ainda há mais trabalho a ser feito.
Fonte: CNN Brasil.