Desde pequena, com 5 anos, Marcos gostava de ficar perto das meninas. As brincadeiras masculinas não a atraíam. A medida que foi crescendo, começou a gostar de se vestir de mulher, usava, escondida, as maquiagens e as roupas da mãe e da irmã. Mas nunca teve coragem de se assumir publicamente como transgênero. Foram anos com essa vida dupla... Marcos se casou duas vezes, teve uma filha, se formou advogada e até morou no exterior. Ela conta como se sentiu durante todo esse processo.
Depois de ter coragem para encarar a sociedade e mostrar quem exatamente era, Marcos, que hoje tem o nome social Márcia, decidiu lutar pelos direitos das pessoas transgênero, em especial no mercado de trabalho.
Para ela, o preconceito é o maior limitante do desenvolvimento dessas pessoas, seja no aspecto de formação acadêmica, familiar, social e profissional. Foi aí que surgiu a Plataforma Transempregos, que é totalmente gratuita e ajuda os transgêneros a entrar no mercado de trabalho e os resultados já estão começando a aparecer.
A plataforma foi criada em 2013, e até o final do ano passado já tinha mais de 21 mil usuários transgêneros inscritos, quase mil e 500 empresas parceiras e cerca de 800 pessoas empregadas. Muitas vagas são para São Paulo, sede da iniciativa, mas com a possibilidade do trabalho remoto, as oportunidades se estendem a todo o país.
Uma pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista, publicada no final de 2021, mostrou que 2% da população brasileira é de pessoas transgênero ou não binárias. O IBGE ainda não tem dados oficiais sobre o assunto.
Fonte: Agencia Brasil.