Desde o início da pandemia, é sabido que pessoas idosas e com comorbidades são mais propensas a desenvolverem quadros graves de covid-19. Mas porque em algumas pessoas jovens, e sem qualquer condição especial, o coronavírus causou apenas um quadro leve e em outras a infecção se agravou a ponto de provocar a morte?
A resposta pode estar no DNA, e vem sendo buscada por pesquisadores da Fiocruz associados a outros estudiosos. Eles fizeram o sequenciamento completo do genoma de 168 pacientes com menos de 60 anos, que chegaram a ficar na UTI ou até faleceram em decorrência da covid, e também de 39 idosos com comorbidades que, apesar da faixa etária de risco, só tiveram a forma leve da doença. Nenhum deles havia sido vacinado. Agora os mais de 15 terabytes de dados estão sendo analisados.
O coordenador do estudo e pesquisador do Departamento de Parasitologia da Fiocruz Pernambuco, Luydson Vasconcelos, explica que algumas pessoas podem ter uma característica genética, a presença de um gene ou uma variante em um determinado gene, que pode estar mais associado à gravidade.
No momento, a pesquisa analisa a ancestralidade genética dos doadores, uma etapa essencial considerando a grande variabilidade da população brasileira, por causa da miscigenação. Assim, será possível diferenciar quais os marcadores estão relacionados à origem e quais são neutros, e podem ocorrer em toda a população. Em seguida, começa a busca específica pelos genes ou mutações que podem explicar a piora nos quadros de covid.
De acordo com o pesquisador, além de ajudar a entender porque a doença se manifesta de forma diferente nos indivíduos, os resultados podem embasar tratamentos no futuro.
Os primeiros resultados devem ser publicados já no final de julho. A pesquisa também representa uma inovação científica pelos métodos utilizados. Vasconcelos conta que poucos estudos no mundo trabalham com o sequenciamento completo do genoma, já que é mais fácil e barato analisar apenas pedaços do DNA. Após a finalização do estudo, todos esses sequenciamentos serão lançados em bancos de dados internacionais para acesso livre de outros pesquisadores.
Fonte: Agencia Brasil.