"É impossível ser feliz sozinho" já dizia Tom Jobim, talvez por isso com o avanço da inteligência artificial algumas pessoas tem buscado conforto na companhia de máquinas. O caso do japonês que casou com um holograma e do chinês e do autsraliano que casaram com bonecas com inteligência artificial chamaram a atenção da imprensa mundial.
O professor da Universidade Federal de São Paulo e neurocientista, Álvaro Machado Dias, diz que esses casos são raros mas possuem potencial de se espalharem pela sociedade devido ao aumento da solidão dos tempos modernos. O especialista em tecnologia argumenta que esse fenômeno está associado a dificuldade de se relacionar com o outro, em um mundo baseado nas interações digitais. "Se relacionar com máquina, com algorítimo, com software tem a ver com essa indisposição pra se relacionar com as pessoas de carne e osso e aguentar a chatice delas; a divisão no dia a dia da vida prática e afetiva que tem seus incômodos; o sexo, com o que ele tem de não ideal.
O neurocientista Álvaro Machado Dias chamou atenção ainda para o fenômeno do celibato involuntário, dos chamados Incels, nesses casos a tecnologia acaba sendo uma válvula de escape para esses grupos. "Que são homens héteros, quase todos eles brancos, que tem um verdadeiro rancor das mulheres que eles sentem que estão os rejeitando. A mulher ideal dele é uma mulher passiva, é uma mulher do estilo da primeira metade do século XX, de uma sociedade machista, pois eles não lidam bem com essa transformação da sociedade no sentido de uma maior igualdade entre homens e mulheres."
Apesar de bonecas e hologramas com inteligência artificial serem uma realidade distante para a maioria da humanidade, hoje existem aplicativos acessíveis que prometem uma namorada ou namorado virtual. Esse é o tema da próxima reportagem da série Amor e Tecnologia.
Fonte: Agencia Brasil.