Essa é uma das premissas do Dia Mundial da Saúde, celebrado nesta quinta-feira (7), que promove a conscientização sobre necessidades relacionadas à qualidade de vida e reforça a importância da elaboração de políticas públicas voltadas à segurança e bem-estar da população.
No Dia Mundial da Saúde de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) faz um apelo urgente por uma ação acelerada dos líderes mundiais na proteção à saúde humana com foco na redução dos impactos da crise climática.
“Neste ano, o Dia Mundial da Saúde está dedicado à saúde das pessoas e do planeta, na percepção de que não tem como falar de saúde humana sem falar em preservação do meio ambiente e práticas sustentáveis. Está relacionado também ao bem-estar da sociedades”, explica a especialista em Gestão de Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Claudia Araújo.
No apelo, a OMS aponta que 99% das pessoas respiram ar insalubre, principalmente resultante da queima de combustíveis fósseis. Além disso, mosquitos têm espalhado doenças mais rápido e de forma mais eficiente em um mundo em aquecimento, segundo a OMS.
A entidade ressalta que eventos climáticos extremos, como a perda de biodiversidade, a degradação da terra e a escassez de água provocam deslocamento de pessoas, afetando diretamente na saúde dessas populações.
Em relação à nutrição, a OMS destaca que o consumo excessivo de alimentos e bebidas processadas contribui para o aumento da obesidade, desenvolvimento de câncer e doenças cardíacas.
“A crise climática é uma crise de saúde: as mesmas escolhas insustentáveis que estão matando nosso planeta estão matando pessoas”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, em comunicado. “Precisamos de soluções transformadoras para afastar o mundo do vício em combustíveis fósseis, reimaginar economias e sociedades focadas no bem-estar e preservar a saúde do planeta do qual a saúde humana depende”, completa.
A OMS defende que a pandemia de Covid-19 destacou falhas de desigualdade em todo o mundo, reforçando a urgência de criar sociedades sustentáveis e de bem-estar que não ultrapassem os limites ecológicos.
“A partir de uma convivência saudável com o ambiente, com toda essa ecologia e em uma esfera de gentileza entre as pessoas –lembrar da vacina como um pacto de saúde pela coletividade, porque é na medida em que todos se vacinam que bloqueamos a circulação do vírus e protegemos os indivíduos, podemos alcançar o conceito mais amplo de saúde que é o bem-estar físico, mental e social”, afirma a pesquisadora em saúde Chrystina Barros, membro do Comitê de Combate ao Coronavírus da UFRJ.
No manifesto são listadas orientações aos países, que incluem o investimento em serviços essenciais de água e saneamento com base em energia limpa em unidades de saúde, a transição energética rápida e saudável, promoção de sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis, construção de cidades saudáveis e habitáveis e a interrupção do financiamento de tecnologias associadas à poluição.
“A pandemia deixou muito claro que não conseguimos falar de saúde sem falar em qualidade de vida das pessoas em termos de saneamento básico, acesso à água e condições mínimas de habitação”, afirma Claudia.
Em 1946, a OMS definiu saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”.
A mentora em mudança de hábitos e Leadership Innovation pelo MIT Professional Education Carla Lubisco destaca que o conceito de saúde envolve formas de pensar, cuidados com os pilares do bem viver, além da relação e gerenciamento dos imprevistos da vida.
“Ser saudável é conquistar uma aproximação maior entre o pensamento e a ação na direção da qualidade de vida. Ou seja, é sobre a conexão do que uma pessoa pratica com o seu propósito de vida”, explica.
A especialista afirma que pausas, ainda que curtas, na rotina agitada do mercado de trabalho, podem trazer benefícios para a saúde. A prática do mindfulness (ou atenção plena), que se refere a um estado de atenção plena, contribui para o controle emocional e a saúde mental.
“Estamos acostumados a lidar com a vida em modo automático. Atribuo isso à correria constante do dia a dia. Realmente, ninguém consegue parar para pensar e se conectar consigo mesmo, para chegar à conclusão de que o maior valor é a saúde. O mindfulness é uma forma de acordar e viver cada momento enquanto ele acontece, no presente, um de cada vez e, assim, delimitar as prioridades. No final das contas, a saúde deve estar no topo da lista”, diz.
A especialista defende que mudanças de hábito são possíveis, desde que sejam uma prioridade. Como toda nova atividade, a prática de atenção plena também deve ser iniciada aos poucos. Busque um ambiente silencioso e reserve cinco minutos diários para “esvaziar a mente”. Nesse período, tenha o foco somente na própria respiração e nas sensações do tato.
Com o tempo, aumente progressivamente a duração da meditação, que pode ser incorporada à rotina do dia a dia, como o trânsito, a espera por uma consulta médica ou no intervalo entre as reuniões de trabalho.
“Deixar a saúde de lado para investir na carreira não é uma boa decisão. Em algum momento, o profissional estará exausto e vai desistir. Por isso, é essencial entender que a mudança de hábito precisa acontecer agora, ou a conta será maior no futuro”, afirma.
A técnica de atenção plena vai além da meditação e também pode ser estendida às atividades diárias. Enquanto estiver se alimentando, por exemplo, desligue o celular e foque no momento presente, prestando atenção à textura dos alimentos, às diferentes cores do prato e em como os cheiros dos temperos se misturam.
“Fazer todo dia o processo de mudança de hábito é o que vai nos levar aos nossos objetivos. É ilusão achar que todo resultado que almejamos virá imediatamente, mas ele chega se nos mantivermos focados”, conclui.
Fonte: CNN Brasil.