As estatuetas douradas foram entregues no último domingo (27), mas o Oscar continua ressoando por aqui. O filme “No Ritmo do Coração”, de Sian Heder, volta aos cinemas nesta quinta-feira (31), distribuído pela Diamond Filmes.
Depois de um lançamento tímido nas telonas em setembro de 2021, época que não havia, ao menos, os indicados ao Oscar, o longa agora será lançado em 80 salas pelo país.
Municípios como São Luís (MA), Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC) e mais 25 cidades exibirão o filme que, além de levar o Oscar de Melhor Filme, conquistou os prêmios Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Roteiro Adaptado.
“No Ritmo do Coração” conta a história de Ruby (Emilia Jones), uma adolescente de 17 anos, que é a única pessoa ouvinte em uma família de surdos. O pai, Frank (Troy Kotsur), e o irmão, Leo (Daniel Durant), trabalham em um barco pesqueiro e Ruby os ajuda, funcionando como uma intérprete para ambos.
Porém, a adolescente tem outros planos, ela passa seus dias no barco cantando e quer seguir essa carreira. Ela acaba entrando para o coral da escola, onde vai ter que aprender a conviver com um professor exigente e uma paixonite indecisa. Enquanto ensaia suas canções, os pais encaram problemas financeiros graves, e Ruby terá que decidir se vai para a faculdade ou se ajuda sua família.
Estamos entrando em um mundo pós-pandemia. Depois de tanto soffrimento, de tantas perdas, e do luto causados pela Covid-19, era natural que o público cinéfilo se interessasse por filmes com um astral mais leve.
Alinhando isso a uma forte campanha da Apple TV+ na reta final antes do Oscar, a Academia deu três estatuetas para “No Ritmo do Coração”: Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Roteiro Adaptado, ou seja, o longa ganhou em todas as categorias que concorreu.
Filmes envolvendo personagens com deficiência não são novidades quando falamos de indicações ao Oscar: “Rain Man”, “O Piano” e o recente “O Som do Metal” são alguns exemplos. Porém, o maior trunfo de “No Ritmo do Coração” é contratar atores surdos para os papéis.
Cerca de metade do filme é falado na Língua Americana de Sinais, com possibilidade de legenda no streaming. Marlee Matlin, que interpreta a mãe de Ruby, é a única atriz surda a ganhar o Oscar de Melhor Atriz (pelo filme “Filhos do Silêncio”, de 1986), enquanto Troy Kotsur conquistou sua primeira estatueta esse ano.
De fato, são as atuações que tornam o filme interessante. O longa possui começo, meio e fim bem determinados, mas a história é previsível e a trilha sonora tenta a todo momento grudar na cabeça do espectador, com a música-tema sendo repetida de todas as maneiras possíveis: em uma versão de estúdio, à capela e até mesmo “em silêncio”. O filme funciona como um musical mas sem ter a estrutura de um.
Se discute por aí se foi justo “No Ritmo do Coração” ganhar o Oscar de Melhor Filme. Dentro dessa categoria, havia, sim, filmes mais ousados, originais e densos, mas, a Academia preferiu o alto-astral dessa vez.
O filme ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. Mas adaptado de quê? De outro filme.
“A Família Bélier”, do diretor Eric Lartigau, foi lançado em 2014 e conta exatamente a mesma história que o vencedor do Oscar desse ano, com pequenas diferenças. A maior delas sendo o gênero do longa.
A versão original é uma comédia despretensiosa e mais dinâmica que sua versão americana. As atuações não são tão boas como as atuações do remake, principalmente da atriz principal, mas não tendo um enfoque melodramático, se torna um filme mais leve do que seu gêmeo.
A obra “No Ritmo do Coração” ganhou o principal prêmio da noite dois anos depois de “Parasita”, um filme sul-coreano, ganhar a mesma estatueta e mais três categorias. Sem qualquer remake necessário, apenas legendas.
A afirmação do diretor Bong Joon-Ho ao aceitar seu prêmio em 2020 continua atual: “Uma vez que a audiência americana superar a barreira de dois centímetros de altura das legendas, vocês serão apresentados a vários filmes incríveis”.
“No Ritmo do Coração” está disponível no Prime Video e nos cinemas das cidades: Maceió (AL), Manaus (AM), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Brasília (DF), Goiânia (GO), São Luís (MA), Belo Horizonte (MG), Belém (PA), Recife (PE), Teresina (PI), Curitiba e Londrina (PR), Niterói, Petrópolis e Rio de Janeiro (RJ), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Florianópolis e São José (SC), Barueri, Campinas, Indaiatuba, Jundiaí, Ribeirão Preto, São José dos Campos, São Paulo e Sorocaba (SP).
“A Família Bélier” está disponível no Telecine.
Fonte: CNN Brasil.